segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Humano, demasiado humano!

Nunca os professores estiveram tanto na berlinda. Responsabilizados pela baixa qualidade da educação pública, acuados pela indisciplina e violência dos alunos, tensionados pela necessidade de uso das novas tecnologias, sem tempo e recursos para preparar-se.

São, talvez, a parte mais frágil neste tempo de educação como direito de todos, quando a classe popular acessou a escola em massa e a estrutura dela não se qualificou. Tempos em que o conhecimento se complexizou, altera-se rapidamente e não explica os problemas, nem faz sentido e motiva os estudantes, se não for tratado de forma interdisciplinar, a partir da realidade e em diálogo com os saberes deles. Exige do professor, da professora, uma formação que não teve na faculdade, que não tem em serviço e sem suporte material e tecnológico para ensiná-los.

Continuamos literais, fragmentados, livrescos, seriados, em filas, em ordem. Os estudantes imagéticos, internéticos, em rede, em grupos, exigentes de sentido para a escola, carentes de autoridades que respeitem e aprendam pelo exemplo.

O processo capitalista tem pressa, precisa de mão de obra, as obras precisam de operários dóceis. Acuada, a sociedade quer menos jovens nas drogas, menos crimes, menos acidentes de trânsito. Assustados, os ambientalistas pedem educação para a sustentabilidade... Confusos, os estudantes querem voz, precisam da arte para se entender, precisam de espaço para falar, precisam de sonhos para se envolver!
Psicólogos, economistas, jornalistas, advogados, arriscam análises, filosofam teorias, propõem métodos. Quase todos chegam à conclusão que falta avaliação, verificação de dados, responsabilização de alunos e professores. Querem resultado!

Ser humano diante do humano, imprevisível, dotado de vontade, livre, portanto desafiador, lá vai o professor todo o dia para uma aventura! Fazer com que o aluno queira aprender é a primeira, mais difícil e indispensável tarefa a obter êxito. Sem isto, a aprendizagem não acontece. Sem ela, não há ensino! Este processo não é medido nos testes, não tem preparo que dê conta, exige uma aprendizagem permanente, energia renovada, troca intensa. Nada é rotineiro ou simples para a professora e para o professor eficaz! E todos os professores assim o querem ser!

Incluamos, então, nas homenagens deste dia 15, um pedido de desculpas aos professores, por exigirmos sem investir, por avaliarmos sem incluí-los, por saber das lacunas e não preenchê-las, por julgá-los e nos desresponsabilizarmos, por sabê-los fundamentais e não valorizá-los com salário e condições dignas de trabalho!

E vamos trabalhar com ele, com ela a pequena tarefa a que se dedicam: a construção de humanidade!


Sofia Cavedon - Vereadora PT/PoA

Porto Alegre, 15 de outubro de 2012.