sábado, 1 de maio de 2010

Show de Demétrio Xavier celebra o trabalho na música crioula do Prata

Músico gaúcho apresenta repertório com música crioula argentina e uruguaia no Teatro Bruno Kiefer, dia 5

Trabaja el gaucho y no arriba: assim define o desolado Sargento Cruz, no clássico Martín Fierro, de José Hernández, a sorte do trabalhador gaúcho: trabalha, mas não prospera. Este é o mote do espetáculo preparado pelo músico Demétrio Xavier no dia 5 de maio, quarta-feira, no Teatro Bruno Kiefer, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736), para comemorar o Dia do Trabalhador, celebrado no próximo sábado.

Pesquisador e intérprete da música crioula argentina e uruguaia há 25 anos, Demétrio Xavier preparou uma seleção de grandes autores do gênero: Alfredo Zitarrosa, Aníbal Sampayo, Jaime Dávalos e o mestre Atahualpa Yupanqui, entre outros. De Yupanqui são também os trechos de poesia intercalados, oriundos de obras como o Payador Perseguido, do qual Demétrio Xavier fez a única tradução integral no mundo.

O músico define o espetáculo intitulado de Trabaja el gaucho y no arriba - o trabalho na música crioula do Prata como uma reflexão sobre o Dia do Trabalhador, sobre os ofícios tradicionais e os personagens que os exercem e as formas de se ganhar a vida com suas dificuldades e suas belezas nesta região comum ao sul do Brasil e ao Prata.

“Será uma celebração da cultura crioula, que nunca deixa de contemplar a paisagem, os costumes e a linguagem – mas se centra, como deve ser, no seu agente real, raiz e origem de tanta manifestação artística, às vezes mais, às vezes menos interessada em sua felicidade: o homem gaúcho, imerso na História”, antecipa.

Segundo o músico, o repertório mostra o espírito talvez vivo daquele gaúcho libertário e paralelo à sociedade colonial, que alternava viver do contrabando, da guerra ou do conchavo temporário no trabalho de estância; aquele que eternizou a frase quando preciso de uma camisa, me conchavo; quando a tenho, vou-me embora! “Mas traz também seu descendente até a contemporaneidade, desempenhando-se em ofícios que tendem a desaparecer ou buscando garantir a posse de terra, em sua luta histórica por preservar a identidade e a dignidade, além da própria subsistência”, justifica Demétrio.

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