terça-feira, 29 de julho de 2008

LGBT - Colocar o L na frente é expressar atitude feminista e de combate à homofobia

Por Marisa Fernandes* - Publicado em 11/6/2008

Assumir o uso da denominação LGBT não atende apenas a uma antiga reivindicação das lésbicas, nem é somente porque as lésbicas são duplamente discriminadas - como mulheres e pela nossa orientação sexual. Colocar o L na frente é, sobretudo, reconhecer a existência da homofobia que atinge toda população LGBT.

A homofobia desqualifica tudo o que é afeminado, tudo que é determinado pelo patriarcado, como sendo formas de ser mulher: delicada, dispersa, emotiva, histérica, ser falante, sentimentalista, romântica, apaixonada, agir com o coração e não com a razão, educada. Bem como gentil, ter afeição às crianças, ser vaidosa, frágil e tantos outros atributos usados para determinar como devemos ser.

Os homens, independente de sua orientação sexual, portanto, incluindo homens heterossexuais, quando apresentam alguns desses atributos, têm, na sua existência, sua masculinidade questionada. O machismo, ao dirigir-se a uma pessoa como mulherzinha, bonequinha, mariquinha, está dizendo que ela vale menos, diz que ela é inferior. Portanto, a intenção é de ofender, de desqualificar.

O inverso ainda afeta as mulheres quando essas são duronas, firmes, decididas, determinadas, corajosas ou independentes. Não importa qual sua orientação sexual, são consideradas machonas, sapatonas, Maria-João, portanto, não se adéquam ao papel que lhes foi determinado e a subversão dessa ordem é desaconselhável pelo patriarcado, já que serão marcadas pela infâmia.

Compreender a importância e o sentido de justiça que carrega de simbolismo, colocar o L na frente, é expressar uma atitude feminista e de combate franco e sincero à homofobia que cruelmente afeta a população LGBT.

Esse compromisso deve ser assumido pelas travestis, que nascendo com um corpo de homem e travestindo- se de mulher, com nomes, roupas e expressões femininas, para pessoas homofóbicas e machistas, elas devem ser exterminadas, pois representam a negação de tudo o que é considerado próprio dos homens, ser macho, varonil, forte, enérgico, ativo, ou seja, figurativamente representantes da própria humanidade.

* Marisa Fernandes é integrante do Coletivo de Mulheres Feministas da ABGLT e do Coletivo de Feministas Lésbicas/SP.

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